segunda-feira, 6 de julho de 2009

O ROMANCE DA LUA COM O MAR

De casos de amor eu já vi tudo
Nas trilhas da vida tão dormente
Amor que cega, sufoca ou mata gente
Que aleija o sujeito ou deixa mudo
Desnorteando “o cabra” carrancudo
O mais bonito agora vou falar
Que lá pras bandas do meu Ceará
Nunca vi paixão tão bela e tão profunda
Pelo sertão, o andarilho é testemunha
Do romance da Lua com o Mar.

Nem os mais finos cordéis vão descrever
Os detalhes desta saga nordestina
Maior que o amor de Mateus por Catirina
Foi a sedução da Lua em seu poder
Que fez toda terra estremecer
Fez o canto da araruna ecoar
O Mar de meu Deus se apaixoná
Capitão Lampião roer “as unha”
Pelo sertão, o andarilho é testemunha
Do romance da Lua com o Mar.

E fui eu mesmo, o mensageiro
Deste romance sem igual
Levei bilhete, carta de amor, cartão-postal
Prosas barrocas de um cancioneiro
Nesse sentimento sem tamanho e sem freio
Diluído nas palavras tristes do luar
Quando toca a terra de iemanjá
Gira o mundo e faz bagunça
Pelo sertão, o andarilho é testemunha
Do romance da Lua com o Mar.

Pode até um gaiato se meter
E o meu verso vir questionar:
"No sertão não há praia, não há mar
Como é que pode a lua se entreter
Com a paixão que é dos homens de morrer
E das mulheres de casar?”
Que estória besta estou a contar
Que não havia carta nenhuma
Pelo sertão, o andarilho é testemunha
Do romance da Lua com o Mar.

Faço versos como quem reza
Amo como quem escreve poesia
Conto a vida nebulosa em sua maresia
Crio paixões sem precisar ter pressa
Apaixono a quem interessa
Seja a Lua, menina da noite a brilhar
Com seu reflexo nu a embelezar
O Mar bravio e sua corcunda
Pelo sertão, o andarilho é testemunha
Do romance da Lua com o Mar.

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