
Foto: Ana Freire Fotografias
Imensamente triste
é o menino que olha para o rio
sem decifrá-lo
que em si mergulha
calado
como as pedras em seu caminho
soltas
sem destino
ao leve abraço abençoado das ondas.
Imensamente mansa
é a vigília sutil da noite
que te olha
e perturba
feito mãe que vela pelos filhos
desviando as desgraças
e consolando os dias.
Imensamente cândida
é a feiura sem remédio
hóstia consagrada e perfeita
que derrete em desejo
na boca da moça estrangeira
que mais parece
de barro e palha,
barro e sombra.
Imensamente violenta
é tua voz desordenada
que reza caboclos
e destrói cata-ventos
invocando milagres
e amores rebentados.
Imensamente enganoso
é o lugar sempre impróprio
de onde viemos
e onde estamos.
Um cata-sonhos
onde se faz morada
a chuva
o tempo
o riso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário