quarta-feira, 28 de julho de 2010

ÁGUA DE QUARTINHA

Há de nascer o sangue da terra
Que vai florir meu eterno jacundá
Feito cobra bailarina que desce lá da serra
Pra aguar as costas do meu mar.

Vou subir nos matagais lá de cima
Pra mais bela fonte virgem encontrar
Fazer batuque na água mais cristalina
Onde o segredo desta vida eu hei de saciar.

Água que não é leite, não é vinho
Não evoca santos milagres lá do céu.
É colhida na mão do que faz o caminho
Que trabalha todo dia em seu cordel.

Água bendita nas prosas do trabalhador
Guardada no sagrado coração de sua quartinha
Pra nunca esquecer que pra lembrar do amor
É preciso ter o que se dá. Dar o que se sinta.

O cantar do pífano agora vem anunciar
O mestiço desconcerto da aurora
Que em sua batida cabocla vai o mundo misturar
Gente com água, água com gente, nota com nota.

Em 21/01/2010

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