Corre nas asas da Mariposa, a eletricidade da revolução, do olhar irreverente do artista mambembe, do doido dono de circo e de todos aqueles que se arriscam na caixa preta do teatro. Assim como o cobre é o condutor nobre da fantástica energia elétrica, a poesia se manifesta como a grande mágica que faz tudo funcionar dentro da caixola que é a imaginação humana.
quinta-feira, 18 de agosto de 2016
CARNE E OFICINA
Homens
de dentes perfeitos
imperfeitos
mais que perfeitos
mastigam
salivam
ruminam o musgo
e o alcatrão.
Do luxo nasce a podridão
do entulho
barulho
orgulho
de não morrer agonizando
na vala
na sala
à tarde vendo televisão.
Homens
de baço operado
cortado
reduzido
feito bicho parido
no caldo quente da favela
moela
galinha
prostituta ossuda
que desmantela meu peito
e se tudo é desfeito
vai lavar roupa "nas canela".
Homens
de bruto aos montes
sua feito aguaceira
ribanceira
esperneia
que nem menina nova
morta
santa
partes que te parto tanta
implora
conjura
copula com o diabo, filha!
Homens
braços dados ao céu
cruzados braços
mausoléu
tão fraca é tua vida
fadiga
mendiga
como são teus dentes
sujeitos
perfeitos
mais que refeitos.
Foto: Galba Nogueira Francisco
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